Milagres: Sua relevância teológica e seu caráter escatológico

26/10/2014 08:40

Por: Ricardo Moreira Braz do Nascimento

Prelúdio

O surgimento do movimento pentecostal[1] trouxe uma discussão muito relevante à teologia, a saber a “contemporaneidade dos dons do Espírito Santo.” Em última análise, alguns teólogos (e também igrejas) afirmam que os dons de curas, sinais, línguas, profecias, etc, se encerraram com o fim do ministério do apóstolos[2]. Outros, porem afirmam que os dons do Espírito Santo são atuais e que não se encerraram no fim da era apostólica.

Alguns exageros pentecostais foram praticados, como por exemplo, ensinar que o batismo como o Espírito Santo é uma confirmação da salvação, ou, que o estudo da Bíblia é irrelevante, pois o Espírito Santo fala diretamente com o pregador ou profeta. Após alguns anos de debates teológicos, o movimento pentecostal aprimorou sua teologia e estes exageros teológicos vêm sendo combatidos dentro do movimento pentecostal. Em contra partida as igrejas e teólogos conservadores tem aberto espaço para aceitar a contemporaneidade dos dons do Espírito (em manifestações como nos dons de cura, por exemplo). Este fenômeno poder ser observado nos manuais de teologia sistemática modernos, em que consta um capítulo (e muitas vezes capítulos) inteiro dedicado ao Espírito Santo; pois nos livros de teologia sistemática antes do movimento pentecostal havia estudos sobre o Espírito Santo, mas não havia (em sua maioria) um capítulo dedicado a Ele.

Na década de 1970 chegou ao Brasil um movimento que hoje chamamos de neopentecostalismo. Apesar da semelhança no nome, este movimento se afastou profundamente das bases do movimento pentecostal. O neopentecostalismo trouxe para o cenário religioso brasileiro doutrinas paralelas, como: Evangelho da Saúde, Teologia da Prosperidade, Quebra de Maldições, Maldições Hereditárias, Maldição de Família, Confissão Positiva, Etc. Estes ensinos sofrem duras críticas devido sua exegese bíblica e alicerces teológicos duvidosos[3].  Uma marca do movimento neopentecostal é o seu proselitismo em mídias de massa como TV, Rádio, carros de propaganda, etc. Neste “comercial” sobre o culto, são oferecidos sinais e milagres do poder de Deus nestas igrejas. Muitos têm procurado tais instituições para receber curas e demais sinais deste poder.

Pelo cenário exposto possuímos pelo menos três visões quanto aos sinais e milagres em nosso tempo. A visão clássica (conservadora) que afirma que os dons do Espírito se encerraram no fim da era apostólica; a visão pentecostal, em que os dons do Espírito podem ser experimentados hoje desde que devidamente buscados; e, o seguimento neopentecostal que por sua vez anuncia milagres e sinais aos seus seguidores como sendo uma autenticação do ministério da igreja. Mas afinal, os milagres são uma demonstração de poder? São uma autenticação de avivamento espiritual? Apenas os que viveram na era apostólica puderam experimentar das manifestações do Espírito Santo? Os sinais e prodígios ficaram no Antigo Testamento?

Introdução

Para entender a relevância dos milagres para a teologia é preciso coloca-lo num quadro maior. Conforme pretendo demonstrar os milagres não possuem fim em si mesmo e não é uma simples forma de demonstração de poder ou autoridade.

A narrativa bíblica confere a Deus a criação do universo e de tudo o que nele há. Em Gênesis 1:1 diz “No princípio criou Deus o céu e a terra[4].” Em João 1 diz: “1. No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 3. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.[5]” Quando a bíblia nos apresenta Deus, Ele não é apresentado como aquele cheio de poder e que faz milagres. A bíblia nos apresenta como o Deus criador; não apenas aquele que pode fazer algo sobrenatural, mas como aquele trouxe a existência as coisas que hoje existem.

Para o homem do Antigo Testamento a simples contemplação do universo era definitivo para provar que Deus é o criador de tudo, pois algo tão imenso e extraordinário não pode ter outra fonte senão o próprio Deus. Um bom exemplo disto é a declaração em Isaías 40:26 “Ergam os olhos e olhem para as alturas. Quem criou tudo isto? Aquele quem põe em marcha cada estrela do seu exército celestial, e a todas chama pelo nome. Tão grande é o seu poder e tão imensa a sua força, que nenhuma delas deixa de comparecer.[6]

A partir deste ponto de vista, reverenciar Deus pela capacidade de realizar pequenos milagres é reduzi-lo a insignificância; se considerarmos o testemunho bíblico e a experiência dos personagens da bíblia, Deus não é um simples milagreiro[7]. A bíblia nos ensina que Deus criou todas as coisas[8], Ele não é apenas criador, mas também o mantenedor do universo; pela Bíblia aprendemos que Deus mantem os planetas em órbita, sustentados pelo Seu poder. De igual modo creditamos a Deus a criação de todas as formas de vida, e que de igual modo foram cuidadosamente planejadas pelo Criador.

Sendo Deus criador e mantenedor de tudo, Ele está acima de todas as coisas. Portanto, não está preso (ou sujeito) às coisas criadas, do mesmo modo que não está preso as leis naturais; pelo contrário está no controle delas. Deus possui pleno controle sob tudo o que existe, então tem pleno direito de interferir na sua criação. A esta intervenção, chamamos de milagre. Existem muitos conceitos sobre que é milagre, não é objetivo deste artigo esgotar o tema, mas sim compreender qual a relevância teológica dos milagres e qual o seu papel dentro da revelação contida nas Escrituras. Vamos então conhecer alguns pontos de vista.

A natureza das coisas é um milagre

Santo Agostinho[9] ensinava que “A natureza das coisas é a vontade de Deus.[10]” Tudo que existe, se existe, e como existe; é porque Deus quis assim. Mesmo na literatura apócrifa[11] encontramos declarações da soberania de Deus sobre a criação. “E como poderia subsistir coisa alguma, se tu não quisesse? Ou de que modo se conservaria o que por ti não fosse chamado?” diz o livro apócrifo Sabedoria de Salomão (em 11:26), com uma ideia semelhante a de Agostinho quanto a vontade Deus sobre as coisas criadas.

A natureza não é um milagre por si só, a natureza é o reflexo da vontade de Deus, pois tudo o que existe, apenas existe porque foi esta a vontade de Deus. A partir de Agostinho consideramos tudo como sendo milagre, tanto natural quanto espiritual, pois ambos foram criados e são mantidos por Deus. Ainda em Agostinho, sua concepção da soberania e poder de Deus sobre o mundo é exemplar, sobre milagres, ele diz que “o milagre do nascimento é maior que o milagre da ressurreição, pois, iniciar uma nova vida é mais miraculoso que trazer alguém de volta a vida.[12]”. O surgimento de uma nova vida, individual (reforçado pelas descobertas científicas como a exclusividade da Iris, digitais ou DNA, desconhecidas no tempo de Agostinho) é um grande milagre, mas de tão comum passa despercebido aos nossos olhos. Se o fato de existirmos (a partir do pensamento de Agostinho), já é um milagre, a geração de uma nova vida a partir da criação é extraordinário; é um milagre a cerca de um milagre. Sendo esta mais uma demonstração dos milagres de Deus dia a dia.

Definições de Milagre

Existem muitas definições de milagres, algumas destas definições serão abordadas para compreender o tema e também alguns pontos de vista sobre o agir sobrenatural de Deus.

Coincidência

Uma definição interessante de milagre é “Milagre é uma série de coincidências tão exatas, que simplesmente não pode ser coincidência[13].” Este ponto de vista não exclui a intervenção sobrenatural, mas inclui a sutil intervenção através das coisas naturais. Estando Deus no controle de todas as coisas, ele pode facilmente coordenar uma série de eventos aparentemente aleatórios, para que estes eventos contribuam para um fim específico e dentro do Seu objetivo.

Como estamos discutindo a soberania de Deus, este milagre pode acontecer para beneficiar uma única pessoa ou um grupo. No entanto, não podemos reduzir a capacidade de Deus em realizar este tipo de evento a pequenos milagres. Se considerarmos que existe vida na terra, isto não é coincidência, existe uma série de variáveis que possibilitam isto.

A terra é o terceiro planeta (em grandeza) do sistema solar. No centro deste sistema, como o próprio no diz está o sol. Calcula-se que a massa do Sol equivale a 330 mil vezes a massa da Terra e tem um raio médio de 700 mil quilómetros, cerca de 110 vezes a do nosso planeta, e que a superfície do sol tem uma temperatura aproximada de cinco mil e quinhentos graus centígrados. Na atmosfera, a temperatura do Sol é ainda maior: dois milhões de graus centígrados. A temperatura na terra é superior à de congelamento e inferior à de ebulição. Dada a posição da terra no sistema solar, se a terra estivesse mais perto do sol, os oceanos ferveriam; se, a distância fosse maior, os oceanos congelariam, impossibilitando, em ambas as hipóteses, a vida na terra. Pensando na possiblidade da vida na terra, e nas suas varáveis para viabilizar esta existência de vida, concluímos que a posição do planeta terra no sistema solar foi cuidadosamente planejada por Deus.

Outra questão é a constante da física quanto ao som que não se propagar no vácuo. Das fontes sonoras até as nossos ouvidos, as vibrações sonoras produzem ondas que se propagam no meio material: sólido, líquido e gasoso. O som movimenta as moléculas, e estas batem uma nas outras, transferindo dessa forma, sua energia para outra molécula. As vibrações transmitidas são chamadas de ondas sonoras; estas ondas sonoras são ondas mecânicas. O som precisa de um meio (ar, água, etc.) para ser produzido. Para além da atmosfera, no espaço, o silêncio é absoluto, porque no vácuo (onde não há matéria) o som não se propaga. Sons se propagam, necessariamente, em um meio material, ou seja, o som não se propaga no vácuo. Tendo em vista a intensa atividade solar, se o som se propagasse no vácuo, o forte som das explosões no sol também tornaria impossível a vida na terra.

Intervenção extraordinária

Conforme Agostinho, todas as coisas são a operação de Deus. Portanto tudo acontece pela intervenção de Deus, então, tudo o que existe, e tudo o que acontece é o milagre do adir de Deus. Para Strong “Milagre é uma operação extraordinária de Deus nas leis naturais”. É quando Deus interfere nas leis naturais em demonstração do SEU poder e domínio sobre todas as coisas.

Neste caso, precisamos considerar que Deus criou todas as leis naturais. Neste ponto de vista, Deus criou as leis naturais para reger este mundo. Entender estas leis naturais ajuda em nossa vida; como por exemplo, o domínio de técnicas agrícolas, é simplesmente a compreensão de leis naturais e nossa consequente manipulação sobre ela.

Se tudo é consequência do agir de Deus, e, milagre também por ser definido como uma intervenção na lei natural. Podemos definir lei natural como o método regular da atividade de Deus. Em outras palavras a lei natural é o modo como Deus age cotidianamente. Então milagre é o método extraordinário da atividade de Deus, ou seja, quando Deus interfere na lei natural de modo sobrenatural, para beneficiar um grupo ou até mesmo um único indivíduo. Deus age de modo extraordinário para demonstrar que ELE não está preso às leis naturais e também para comprovar sua revelação (através da bíblia) a nós.

No panteísmo[14] é ensinado que Deus é o conjunto de tudo quanto existe; Sustenta que Deus e mundo são idênticos; que o mundo não é criatura de Deus, mas o modo necessário de existir de Deus. Em última análise, o panteísmo confunde as leis naturais com Deus, ou, que a união de todas as leis naturais, que regem o mundo, são Deus. Se Deus está preso às leis naturais, então o panteísmo está certo e Deus na verdade não existe. Se Deus nunca quebrasse uma lei natural, poderíamos afirmar que está preso a elas, portanto panteísta. Pelo contrário Deus intervém na natureza, contrariando as leis naturais e demonstrando que está acima de qualquer lei natural.

Evento com propósito

Augustus Strong nos propõe outra definição de milagre: “Milagre é um evento... produzido com um propósito religioso pela atuação imediata de Deus; [e que] ...não se explica sem a atuação direta de Deus.” Se existe um evento que, é uma intervenção na lei natural, que corrobora para um fim específico, que beneficia um grupo ou um único indivíduo, e, que não encontra explicação natural, isto é milagre.

Este acontecimento contraria o argumento panteísta, pois se Deus se confunde com a natureza e as leis naturais, então não pode haver alteração na lei natural. Se existe intervenção na lei natural, então Deus não está preso a Ela; se, não encontramos explicação natural, então este evento ocorreu por vontade de um ser superior a natureza, a saber, Deus. Concordando com a definição de Strong, um milagre não se explica sem a atuação direta de Deus.

Milagre é o resultado de uma vontade exterior à natureza, portanto acima e não dependente dela. Então a natureza está abaixo de Deus e totalmente sujeita à Sua vontade. Deste modo determinamos que milagre não é um evento súbito da natureza, visto que possui uma causa e propósito, a vontade de Deus. Portanto, milagre, é o resultado da intervenção de Deus sobre os acontecimentos naturais.

Antes da exposição bíblica avaliando a relevância dos milagres, vamos pensar na importância da intervenção extraordinária de Deus pelo mesmo motivo que os pais presenteiam ou fazem festas para os filhos. Concordamos que os pais amam os filhos todos os dias; prove casa, alimento, roupas, se preocupam com as companhias, com a educação, etc. Tudo isto é a legítima prova do amor dos pais aos filhos, refletido neste cuidado diário e incansável. Mas, se no dia do aniversário não tiver presente o(a) filho(a) dirá que os pais não amam, pois como podem não dar presente no dia do aniversário; se ficar sem festa então, é porque definitivamente não amam os filhos. Com este pensamento os filhos acabam desprezando a demonstração regular (diária) de amor, pois faltou uma demonstração extraordinária (o presente de aniversário). Por este mesmo motivo Deus intervém na natureza, trazendo eventos extraordinários, que chamamos de milagre. Através destes milagres reconhecemos o amor e o cuidado de Deus para conosco, pois inevitavelmente nos esquecemos dos milagres diários e esperamos que Deus faça o extraordinário.

Expressões bíblicas para Milagre

As atividades ordinárias e extraordinárias de Deus na natureza e na história são expressas na bíblia por vários vocábulos hebraicos, aramaicos e gregos. Eles são traduzidos em sua maioria para Prodígios, Sinais, Maravilhas, Poder, Milagres. Os principais são Maravilha, Sinal e Milagre. Conforme o Dicionário da Bíblia de Almeida:

  1. Maravilha: Ato ou fato extraordinário realizado por intervenção divina; milagre, sinal; prodígio (Êx 7.3; Mt 21.15).
  2. Sinal: Milagre que mostra o poder de Deus (Êxodo 4:30; 1Coríntios 1:22).
  3. Milagre: Fato ou acontecimento fora do comum, que Deus realiza para confirmar o Seu poder, o Seu amor e a Sua mensagem.

Objetivo dos Milagres

Milagres expressam a Glória de Deus

Os milagres não são eventos aleatório (como foi exposto anteriormente); do mesmo modo, não é um evento caprichoso, ou seja, um acontecimento sem sentido, mas que acontece para satisfazer o ego de Deus. Milagres também não são simples demonstração de poder. Deus não precisa reafirmar seu poder e domínio para com suas criaturas. Milagres são eventos que comprovam a revelação Divina contida nas Escrituras; é um evento que acontece conforme a sabedoria e propósito de Deus.

A bíblia nos fala de grandes e extraordinários milagres, muitos céticos classificam como mitos e lendas. Os milagres experimentados nos dias atuais são uma demonstração de que Deus ainda pode interferir na história; o mesmo Deus que no passado realizou milagres extraordinários, hoje realiza milagres do mesmo modo. Se Deus agiu no passado, mas hoje não consegue intervir na história, como poderemos afirmar o poder e até mesmo a existência de Deus? Se Deus não tem pleno domínio sobre as coisas e até mesmo na história, podemos confiar que todas as promessas de Deus serão realizadas, que todos os acontecimentos ainda previstos na bíblia acontecerão?

Ainda falando das características do milagre, observamos na bíblia que todos os milagres narrados tem o objetivo de glorificar a Deus; jamais o homem. Em toda a narrativa bíblica, os milagres aconteceram para comprovar o poder e o cuidado de Deus para com seu povo. Vejamos alguns exemplos do Antigo Testamento.

  • Noé (Gn 6): O modo como Noé foi avisado do dilúvio e também as instruções para construção da Arca, são uma grande demonstração do domínio de Deus sobre tudo. O milagre da salvação da família de Noé (no meio do dilúvio) é outro bom exemplo do poder de Deus.
  • Maná do céu (Ex 16): Contra a esperança, Deus trouxe esperança ao povo no deserto, que até então não tinha qualquer alimento, mas Deus proveu alimento de um modo simplesmente impensável. Literalmente caiu comida do céu. Diariamente Deus era louvado pelo pão caído do céu. Podemos notar que o maná caído do céu, não honrou ninguém em especial, mas sim Sua própria glória; sendo também um grande testemunho do cuidado de Deus para com seu povo.
  • Desafio de Elias (1 Rs 18): O profeta Elias desafia os profetas de baal para que clamassem e fosse derramado fogo do céu sobre seus respectivos altares. Aquele deus que respondesse com fogo era o deus verdadeiro. Os profetas de baal não tem êxito na sua busca, mas o clamor de Elias foi atendido, Deus mandou fogo sobre o altar que se queimou completamente. Este milagre não aconteceu para satisfazer o ego de Elias, este milagre aconteceu para que Deus fosse glorificado e do mesmo modo ficar comprovado que não existe outro Deus.
  • Davi e Golias (1 Sm 17): Enquanto todos os demais soldados israelitas temiam o gigante Golias, Davi confiou que Deus não seria desonrado por alguém que não O conhece. Nas palavras de Davi “Quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?[15]” A vitória sobre Golias mostrou que a verdadeira vitória não vem do guerreiro, mas de Deus. Neste ponto da história Davi ainda não era um soldado devidamente treinado para o combate. Mas ainda assim venceu um guerreiro veterano; o nome de Davi é sempre lembrado, mas aqui o milagre honrou a Deus, que é o Senhor da guerra, e aquele que realmente decide quem é o vencedor.

Milagre é parte da revelação

Do ponto de vista teológico, já identificamos que o milagre não é uma simples demonstração de poder, ou um acontecimento para causar admiração. Os milagres tem caráter revelacional, eles possuem uma posição na revelação de Deus ao homem.

Platão[16] propôs o mito da caverna[17] em que havia homens que viviam no fundo da caverna, e que, o único conhecimento que tinham do mundo externo (fora da caverna) era a sombra de si mesmo refletido no fundo da caverna pela luz que entrava. Portanto, eles olhavam sempre no fundo da caverna, pois lá era conhecimento, mas não fazia ideia de que o verdadeiro conhecimento, ou seja, a luz, estava na entrada da caverna. Partindo desta metáfora, Agostinho nos propõe a doutrina da revelação das escrituras, em que Deus se revela a nós através própria imagem refletida no mundo visível. Do mesmo modo que as parábolas de Jesus era uma forma de explicar as grandezas do mundo espiritual usando acontecimentos do cotidiano. Portanto, a revelação de Deus é o reflexo da Sua própria luz sobre os homens.

Deus se revelou a homens e mulheres no passado, esta revelação se tornou uma tradição escrita, a saber, os manuscritos sagrados do Antigo e Novo Testamento, que é a bíblia como conhecemos hoje. Ainda hoje Deus se revela a nós através das Escrituras. Os milagres são utilizados por Deus como mais uma ferramenta de revelação, para comprovar que Deus está sobre todas as cosias, pois possui domínio sobre tudo; Deus usa os milagres para autenticar a revelação. A bíblia não teria nenhum valor, se os milagres tivessem ficado no passado. Portanto os milagres existem para confirmar o poder e soberania de Deus.

Conclusão: Milagres são propositais à revelação

Os milagres são uma autenticação externa da Bíblia, possuir em nossos dias, sinais sobrenaturais que revelam a existência de Deus é essencial para a confirmação da fé. Não negamos que fé é crer no impossível; ter fé é acreditar naquilo que não vemos[18], no entanto, sem nenhum algum tipo de sinal da parte de Deus, nossa fé se torna simples fanatismo, apoiado em nada mais que uma crença vazia. Porem os milagres não são apenas uma autenticação externa da Bíblia, mas uma parte essencial dela.

Milagres fazem parte do modo como Deus se revela na história. Pelas escrituras nos foi revelado que Deus criou o mundo e os seres vivos. Mais tarde, Deus se revelou a homens e mulheres no passado. Que por sua vez registrou estas experiências com Deus e que hoje conhecemos como Bíblia ou Sagradas Escrituras; através do conhecimento das Escrituras, temos conhecimento a cerca de Deus e através deste conhecimento, Deus se revela e fala conosco mesmo estando longe dos autores originais. Pela doutrina da revelação das escrituras, proposto inicialmente por Agostinho, aprendemos que o verdadeiro autor das Escrituras é o Espírito Santo e que os autores originais (humanos) foram apenas inspirados por Ele. Este é o lugar dos milagres na revelação, são eventos extraordinários, contrários à natureza, planejados e coordenados, são acontecimentos que não encontram explicação fora de Deus, são prova de que Ele ainda é o Deus Todo Poderoso, capaz de intervir na natureza e na história, pois ele está no pleno controle de todas as coisas.

Referências Bibliográficas

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ARAÚJO, Henrique. TEOLOGIA PENTECOSTAL E PENTECOSTALISMO. Disponível em <https://www.teologiacontemporanea.com.br/index.php?pg=dinamic-subcontent&&id=121> acessado em 07.10.14

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Dicionário da Bíblia de Almeida – 2ª Edição; Sociedade Bíblica do Brasil. São Paulo 1999

Série Os Pensadores - Platão. Editora Nova Cultural,  1999

Santo Agostinho: Vida e Obra. Série Os Pensadores. Editora Nova Cultural, 2004

[1] As opiniões não são unânimes quanto ao surgimento do movimento pentecostal.  Para Dr. Gary B. McGee, teólogo pentecostal das Assembleias de Deus, existem pelo menos dois reavivamentos do século XIX podem ser considerados precursores do movimento pentecostal. O primeiro Inglaterra, 1830 com o ministério de Edward Irving, e o segundo teria no sul da Índia, sob a liderança de J. C. Aroolappen. Destacamos dois eventos marcaram a chegada do moderno movimento pentecostal. O primeiro é de 1º de Janeiro de 1901, quando Agnes Ozman, aluna da Escola Bíblica Betel de Charles Fox Parham, em Topeka, no estado do Kansas (EUA), começou a falar em outras línguas. Charles Parham, pregador do Movimento de Santidade, testemunhou um grande reavivamento na Escola Bíblica Betel. Depois de Agnes Ozman, muitos outros alunos foram batizados com o “novo” batismo, e falaram em outras línguas. Aqueles que presenciavam esses acontecimentos faziam rapidamente um paralelo com os eventos do livro de Atos dos Apóstolos, e muitos diziam que o movimento era a restauração da fé apostólica. No Brasil, as denominações pentecostais mais antigas são as Assembleias de Deus e a Congregação Cristã no Brasil.

[2] O Apóstolo João morre exilado na ilha de Pátimos no ano 100 d.C. encerrando a era apostólica.

[3] Como o neopentecostalismo não é alvo deste trabalho, não será apresentado nenhuma análise sobre o movimento. Para consultar uma análise sobre as práticas do movimento neopentecostal, consultar "Relatório da Comissão de Doutrina da IPB Sobre a IURD; Uma Avaliação das Principais Crenças e Práticas da Igreja Universal do Reino de Deus", disponível em <www.executivaipb.com.br/site/decisoes_importantes/IURD-2007.pdf>

[4] ACF – Almeida Corrigida e Fiel.

[5] ARC – Almeida Revista de Corrigida.

[6] NVI – Nova Versão Internacional

[7] Conforme Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: Milagreiro: Diz-se daquele que pratica milagres ou se inculca como tal.

[8] Gênesis 1:1 e Hebreus 11:3 (entre muitos outros)

[9] Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho (354 d.C. – 430 d.C); um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros séculos da era cristã. Suas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental.

[10] Doctrina Christiana, I, cap. XXXII

[11] Apócrifos (do grego: απόκρυφο). O termo "apócrifo" foi criado por Jerônimo, no quinto século, para designar os livros judaicos escritos no chamado período interbíblico (entre Malaquias e Jesus Cristo). São livros que, apesar do seu valor histórico não foram reconhecidos como inspirados por Deus.

[12] Citado por Augustus H. Strong em Teologia Sistemática vol 1.

[13] ibidem 12

[14] O panteísmo é a crença de que absolutamente tudo e todos compõem um Deus abrangente, e imanente, ou que o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos.

[15] 1 Samuel 17:26 NVI

[16] Platão de Atenas (428-7 a.C. - 348-7 a.C) Foi filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga; Fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental.

[17] Para saber mais sobre Platão e\ou O Mito da Caverna. Série Os Pensadores - Platão Editora Abril,  1999

[18] Hebreus 11:1-2 “Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”.